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Dificuldades da Língua Portuguesa: uso do porquê

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Ah, os “porquês”! Poucas coisas na língua portuguesa geram tanta dor de cabeça e fazem a gente se sentir de volta aos tempos de escola quanto essa família de palavras.

A dúvida entre usar “por que”, “por quê”, “porque” ou “porquê” é uma das campeãs de erros, e a verdade é que, apesar de parecer um bicho de sete cabeças, a lógica por trás deles é mais simples do que parece.

Vamos desmistificar essa “quadrilha dos porquês” e garantir que, a partir de hoje, seu sono esteja mais tranquilo e sua escrita muito mais precisa.

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1. “Por que” (separado e sem acento): para perguntas e substituições

O “por que” separado e sem acento é o mais versátil da turma e aparece em duas situações principais:

  • para perguntas (diretas ou indiretas): se você está fazendo uma pergunta, seja ela direta (com ponto de interrogação) ou indireta (sem ponto de interrogação, mas com sentido de pergunta), a forma correta é “por que”. Pense nele como “por qual motivo” ou “por qual razão”.

Exemplos (Perguntas Diretas):

Por que você não veio ontem?
Por que o céu é azul?
Por que eles agiram assim?

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Exemplos (Perguntas Indiretas):

Gostaria de saber por que ele faltou.
Não entendi por que você está chateado.
Eles queriam saber por que a reunião foi cancelada.
  • quando “por que” pode ser trocado por “pelo qual” (e suas variações): se o “por que” puder ser substituído por “pelo qual”, “pela qual”, “pelos quais” ou “pelas quais” (ou “por que razão”, “por qual motivo”), ele também é separado e sem acento.

Exemplos:

Os caminhos por que passamos eram perigosos. (Os caminhos pelos quais passamos)
Essa é a razão por que não o encontrei. (Essa é a razão pela qual não o encontrei)

2. “Por quê” (separado e com acento): no final da frase

Menina com expressão de dúvida.

O “por quê” separado e com acento agudo é usado exclusivamente em um contexto:

  • quando aparece antes de um ponto (final, de interrogação, de exclamação) ou de uma vírgula, ou seja, no final da frase ou de uma oração interrogativa. O acento indica que a sílaba “quê” é tônica, o que acontece quando a palavra está no fim.

Exemplos:

Você não veio por quê?
Eles não quiseram ir, nem sei por quê.
Estudei muito, mas não passei no teste. Não sei por quê.

3. “Porque” (junto e sem acento): para respostas e explicações

O “porque” junto e sem acento é o queridinho das respostas e explicações.

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  • Ele funciona como uma conjunção explicativa ou causal, introduzindo uma causa, uma razão ou uma justificativa. Pense nele como sinônimo de “pois”, “já que”, “uma vez que” ou “por causa de”.

Exemplos:

Não fui à festa porque estava doente. (Responde à pergunta “Por que não fui?”)
Ele se atrasou porque o trânsito estava caótico. (Explica a razão do atraso.)
Eu gosto de ler porque me ajuda a relaxar. (Indica a causa do gostar.)

4. “Porquê” (junto e com acento): o substantivo

O “porquê” junto e com acento é um substantivo masculino. Isso significa que ele representa “o motivo”, “a razão”. Por ser um substantivo, ele geralmente vem acompanhado de um artigo (o, um, os, uns) ou de um pronome, e pode ir para o plural (“os porquês”).

Exemplos:

Eu não entendi o porquê da sua decisão. (O motivo, a razão.)
Gostaria de saber os porquês de tanta confusão. (As razões, os motivos.)
Todo porquê tem uma explicação. (Todo motivo/razão tem uma explicação.)

Conclusão

A confusão com os “porquês” é uma das dificuldades da língua que mais nos desafia, mas, como vimos, cada um tem sua função bem definida. Lembre-se:

POR QUE é para perguntas e substituições por “pelo qual”.

POR QUÊ é para o final da frase.

PORQUE é para respostas e explicações.

PORQUÊ é um substantivo que equivale a “o motivo”.

Com um pouco de atenção e prática, esses termos deixarão de ser um mistério em sua escrita. Dominar os “porquês” não é só uma questão de gramática, é uma forma de garantir que sua mensagem seja clara, direta e sem ambiguidades. E quem não quer isso em sua comunicação?

Samira Mór é formada em Letras pela UFJF e Mestra em Literatura pela mesma instituição. É também professora das redes pública e privada há mais de trinta anos. Apaixonada por palavras e livros desde sempre, seu objetivo é partilhar com as pessoas o amor pela leitura e pelos livros.

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