O dia 25 de julho é mais do que uma data no calendário. É um convite à reflexão, à gratidão e à celebração da palavra escrita.
É quando homenageamos quem dedica a vida a contar histórias, transmitir ideias, provocar sentimentos e dar forma ao que tantas vezes não conseguimos dizer: o escritor.
Neste artigo, vamos falar sobre a importância do Dia do Escritor, como essa data surgiu e quais autores e obras você pode (re)descobrir para celebrar a literatura brasileira de forma especial.
Por que o Dia do Escritor é comemorado em 25 de julho?
A data foi instituída oficialmente no Brasil em 1960, por meio de um decreto do Ministério da Educação e Cultura, como forma de valorizar a profissão de escritor e incentivar a leitura e a produção literária no país.
Mas a escolha do dia 25 de julho não foi aleatória: ela marca o I Festival Brasileiro de Escritores, realizado em 25 de julho de 1960, em Brasília, reunindo grandes nomes e organizado por ninguém menos que Jorge Amado.
Foi um marco na história da literatura nacional — uma reunião que discutiu não só o papel da escrita, mas também o papel do escritor em uma sociedade em transformação.
Por que celebrar o escritor?
O escritor é mais do que um criador de ficções. Ele é um observador do mundo, alguém que traduz o cotidiano, denuncia injustiças, reinventa a memória, constrói pontes entre o real e o imaginário.
Celebrar o escritor é uma das formas de valorizar nossa cultura e também de incentivar o hábito da leitura. Além disso, ao pensar no trabalho desse artista, nos leva a reconhecer o poder tranformador da palavra escrita, da liberdade de expressão e do pensamento crítico.
Em um mundo acelerado, dominado por conteúdos efêmeros, o escritor ainda é quem consegue, com palavras, encantar, inspirar, comover e fazer pensar.
O que ler no Dia do Escritor?
Nada melhor do que comemorar essa data com boas leituras. A seguir, preparamos uma seleção de autores brasileiros que merecem ser lidos (ou relidos) — e que representam a diversidade e a riqueza da nossa literatura.
1. Clarice Lispector – o mistério da alma humana

Clarice é uma das mais importantes escritoras de nossa literatura. Suas obras provocam nos leitores reflexões profundas com frases impactantes que saltam das páginas de seus livros.
As obras de Clarice abordam o mundo interior das personagens que vivem histórias com acontecimentos banais e grandes descobertas internas.
📘 Sugestões: A Hora da Estrela, Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres e Felicidade clandestina.
2. Lima Barreto – crítica social com sensibilidade

Poucos autores foram tão lúcidos e corajosos ao falar do racismo, da hipocrisia e das injustiças do Brasil do início do século XX.
Lima Barreto produziu histórias que nos levam a pensar o nosso país e o modo como nos comportamos e nos relacionamos.
📘 Sugestões: Triste Fim de Policarpo Quaresma e Clara dos Anjos.
3. Cora Coralina – poesia da vida simples

Cora Coralina começou a publicar tardiamente, mas deixou um legado de sabedoria, simplicidade e resistência.
Seus poemas nos trazem mensagens cheias de sabedoria e positividade.
📘 Sugestão: Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais.
4. Carolina Maria de Jesus – voz das margens

A escrita de Carolina é crua, direta e poderosa. Uma das primeiras mulheres negras a ganhar notoriedade na literatura brasileira.
Sua principal obra, Quarto de despejo, narra seu cotidiano na favela do Canindé, zona sul de São Paulo.
📘 Sugestão: Quarto de despejo,
5. Conceição Evaristo – escrevivência como resistência

Unindo poesia, prosa e memória, Conceição Evaristo traz à tona a experiência da mulher negra brasileira com força e beleza.
Suas obras são comoventes e inspiradoras e nos levam a importantes reflexões sobre nossa cultura e sobre o modo como nos relacionamos.
📘 Sugestão: Ponciá Vicêncio ou Olhos d’Água
6. Jorge Amado – a Bahia e a cultura brasileira

Jorge Amado é um dos escritores mais populares de nossa literatura. Suas obras chegaram ao grande público através dos meios audiovisuais, como a televisão e o cinema.
A escrita do escritor baiano é repleta de sensualidade e beleza e nos provoca importantes reflexões através da forte crítica social.
📘Sugestões: Capitães da areia e Gabriela, cravo e canela.
7. Machado de Assis – Crítica social e ironia fina

Machado de Assis construiu, através de seus livros, um retrato profundo e muito real do Brasil. Suas obras, produzidas na segunda metade do século XIX, ainda falam conosco até hoje.
Além de seu importante trabalho como escritor, Machado também tem uma história de vida inspiradora que vale muito a pena conhecer.
📘Sugestões: Memórias póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro.
8. Milton Hatoum – drama familiar e identidade cultural

Através de uma prosa rica e complexa, Milton Hatoum explora temas como memória, identidade e choque entre culturas, principalmente na região da Amazônia.
Suas obras apresentam narrativas alineares e personagens em conflito, imersos em um universo onde o passado e o presente se entrelaçam de forma poética e melancólia.
📘Sugestões: Dois irmãos e Relato de um certo Oriente.
9. Itamar Vieira Junior – realismo social profundo

As obras de Itamar Vieira Junior abordam as mazelas históricas do Brasil, como a questão agrária, o racismo e a violência.
Suas obras, frequentemente ambientadas no interior do país, utilizam uma linguagem poética e simbólica para dar voz a personagens marginalizadas.
📘Sugestões: Torto arado e Salvar o fogo.
10. Carla Madeira – profundidade psicológica e intensidade emocional

Os romances de Carla abordam temas como amor, perdas, traumas e as complexidades das relações humanas com uma linguagem poética e direta.
Ela constrói narrativas que prendem o leitor ao abordar de forma crua e sensível as dores e as alegrias da vida.
📘Sugestões: Tudo é rio e Véspera.
Outros grandes escritores de nossa literatura que valem cada minuto de leitura
- Manuel Bandeira – Estrela da manhã
- Carlos Drummond de Andrade – Sentimento do mundo
- Graciliano Ramos – Vidas secas
- Guimarães Rosa – Sagarana
- Rubem Braga – Ai de ti, Copacabana
- Fernando Sabino – O encontro marcado
- Rubem Fonseca – Agosto
- Luís Fernando Veríssimo – Crônicas para ler na escola
- Patricia Melo – O matador
- Fabrício Carpinejar – Amizade é também amor
- Martha Medeiros – Feliz por nada
- Raphael Montes – Uma família feliz
- Socorro Acioli – A cabeça do santo
Como você pode celebrar o Dia Nacional do Escritor?
Para celebrar este importante dia, procure bons livros para ler e pesquise sobre os nossos escritores. Você vai descobrir boas histórias tanto nos livros quanto nas biografias deles.
Exercite também o seu lado de escritor (todos nós temos) e escreva algo seu: um poema, um texto, uma carta.
Você também pode presentear alguém com um livro da literatura brasileira. Ganha o escritor, ganha quem for presenteado e ganha você pelo prazer de semear a escrita e a leitura.
Conclusão: mais que uma data, um convite à leitura
O Dia do Escritor não é apenas uma homenagem — é também um lembrete de que ler é resistir, é sentir, é crescer. Ao celebrar quem escreve, celebramos também quem lê.
E nos reconectamos com aquilo que nos torna humanos: a linguagem, a emoção e o desejo de compreender o mundo.
Que tal escolher hoje um livro, abrir na primeira página e se deixar levar?
Samira Mór é formada em Letras pela UFJF e Mestra em Literatura pela mesma instituição. É também professora das redes pública e privada há mais de trinta anos. Apaixonada por palavras e livros desde sempre, seu objetivo é partilhar com as pessoas o amor pela leitura e pelos livros.
