Literatura é uma das expressões da arte. E esta, por sua vez, é o meio pelo qual o ser humano expressa o seu mundo, interno e externo. Tudo o que angustia, perturba, encanta, intriga, envolve o homem é expresso através da arte. E esta tem muitas formas a que chamamos Arquitetura, Música, Dança, Escultura, Pintura, Cinema, Teatro, Literatura.
Cada uma dessas formas da arte utiliza o que podemos chamar aqui de “matéria-prima”. Assim, a pintura, por exemplo, usa os traços, as formas, as cores, para compor imagens, cenas. A escultura recorre a materiais como o mármore, o gesso, para, com o auxílio do cinzel, dar forma a seres reais ou imaginários. A literatura tem como matéria essencial a palavra.“
Penetra surdamente no reino das palavras
Lá estão os poemas que esperam ser escritos”
(Carlos Drummond de Andrade)
A palavra literária
E não é a palavra simplesmente, aquela cotidiana, dicionarizada, comum. Embora também essa tenha lugar nos textos literários. No entanto, a palavra literária é aquela investida de múltiplos significados, é simbólica, poética. É a palavra comum que ganha novos e, por vezes, inusitados sentidos, dentro de um contexto especial: o literário, o artístico.
Esse processo de investidura de sentidos novos à palavra, essa palavra especial, não acontece sem que outros dois elementos sejam acionados: o escritor e o leitor. Jean Paul Sartre, em seu livro O que é a Literatura?, publicado no Brasil em 1993, diz haver um pacto entre escritor e leitor. O primeiro precisa do segundo porque sua escrita só ganhará forma e sentido se for lida por alguém. Já o segundo empresta às palavras do autor seus sentimentos e questionamentos no ato da leitura e encontra-se, então, de alguma forma, representado.
Há, assim, um processo de identificação leitor-obra-autor que torna essa expressão artística tão especial e necessária. A Literatura forma e informa sobre o mundo, sobre o humano, sobre a vida. É necessária e vital, inspiradora e gratificante.
O que é a Literatura?
Voltando a Sartre, em O que é a Literatura?, encontramos uma espécie de separação entre as duas formas do texto artístico: a prosa e a poesia. Enquanto a poesia, para Sartre, é mais estilística e imagética; a prosa pode exercer um papel mais engajado, não só como agente de denúncia de mazelas sociais e reflexo da sociedade burguesa, mas também como reveladora da essência humana em todos os seus aspectos.
De qualquer forma, a literatura, enquanto expressão artística, cumpre o seu objetivo dando à palavra, nosso principal meio de comunicação, valores e sentidos novos, deixando ver quem somos e a que aspiramos em nosso cotidiano, tanto ontem como hoje.
“(…) a leitura é um exercício de generosidade; e aquilo que o escritor pede ao leitor não é a aplicação de uma liberdade abstrata, mas a doação de toda a sua pessoa, com suas paixões, suas prevenções, suas simpatias, seu temperamento sexual, sua escala de valores”.
(Sartre)