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O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde – Resenha Crítica

O retrato de Dorian Gray

Capa do livro O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde. Mostra um rosto envolto por tintas que se desfaz.

Para começar…

Além de seu impacto artístico, O Retrato de Dorian Gray, publicado pela primeira vez em 1890, também é uma obra que aborda temas universais e atemporais. A história de Dorian Gray, um jovem bonito e encantador que vende sua alma em troca de uma vida eternamente bela, levanta questões sobre a natureza humana, a moralidade e as consequências de nossas escolhas.

“As pessoas morrem de senso comum, um momento de cada vez.

A vida é um momento, não existe outra vida, faça-a queimar sempre com a chama mais quente”.

A dualidade entre a aparência e a essência

Uma das principais temáticas exploradas no livro é a dualidade entre a aparência e a essência. Dorian Gray é retratado como um homem de beleza inigualável, mas por trás dessa fachada perfeita, ele esconde um lado sombrio e corrupto. Através do retrato que envelhece e se deteriora enquanto Dorian permanece jovem e impecável, Wilde nos faz refletir sobre a importância da autenticidade e da integridade moral.

“O objetivo da vida é o desenvolvimento próprio, a total percepção da própria natureza, é para isso que cada

um de nós vem ao mundo. Hoje em dia as pessoas têm medo de si próprias. Esqueceram o maior de todos os

deveres, o dever para consigo mesmos”.

A busca incessante pela juventude e pela beleza

Além disso, O Retrato de Dorian Gray também nos leva a questionar a busca incessante pela juventude e pela beleza. Dorian, obcecado por sua aparência, deseja permanecer jovem e bonito para sempre, o que o leva a cometer atos terríveis para preservar sua imagem. Essa crítica à sociedade vaidosa e obcecada pela juventude é uma reflexão profunda sobre os padrões de beleza impostos e as consequências de se render a eles.

Edição de O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, que traz na capa a dualidade da personagem.

O papel da arte

Outro ponto importante do livro é a discussão sobre a influência da arte na vida das pessoas. Dorian Gray é seduzido pelo hedonismo e pela estética, buscando experiências sensoriais e prazeres superficiais. Essa busca incessante pelo prazer e pela beleza é alimentada pela influência de Lord Henry Wotton, um personagem que representa o dandismo e a filosofia do “viver a vida intensamente”. Através dessa narrativa, Wilde nos faz refletir sobre os limites da arte e sua capacidade de corromper ou enriquecer a alma humana.

“Cada um de nós, Basil, tem em si o céu e o inferno!”

Em suma, O Retrato de Dorian Gray é uma obra literária de grande importância, que vai além de sua narrativa envolvente e personagens cativantes. O livro nos convida a refletir sobre a natureza humana, a dualidade entre aparência e essência, a busca pela juventude e a influência da arte em nossas vidas. Sua relevância perdura ao longo dos anos, tornando-se um marco na literatura e uma fonte inesgotável de reflexão e discussão.

A biografia de Oscar Wilde

Além de suas habilidades literárias, Wilde também era conhecido por sua personalidade extravagante e seu estilo de vida não convencional. Ele era um homem que vivia de acordo com suas próprias regras e não tinha medo de desafiar as normas sociais da época.

Essa atitude ousada e rebelde se refletiu em sua escrita, que muitas vezes abordava temas considerados tabus na sociedade vitoriana. Em O Retrato de Dorian Gray, por exemplo, Wilde explora a dualidade humana, a decadência moral e a busca pelo prazer, temas que eram considerados escandalosos na época.

Imagens de Oscar Wilde na edição de luxo de O retrato de Dorian Gray

Apesar de sua genialidade como escritor, a vida de Wilde foi marcada por controvérsias e tragédias pessoais. Em 1895, ele foi condenado por “conduta indecente” devido a seu relacionamento com Lord Alfred Douglas, e acabou sendo preso e sentenciado a dois anos de trabalhos forçados.

Após cumprir sua pena, Wilde viveu seus últimos anos em Paris, onde escreveu um de seus trabalhos mais comoventes, A Balada do Cárcere de Reading. Essa obra reflete sua experiência na prisão e aborda temas como a injustiça do sistema penal e a natureza humana.

Apesar de sua vida conturbada, o legado literário de Wilde continua vivo até os dias de hoje. Suas obras são estudadas e admiradas por sua beleza estilística e sua capacidade de explorar os aspectos mais profundos da condição humana.

O retrato de Dorian Gray – Resumo do livro

A história de O Retrato de Dorian Gray é uma meditação sobre a natureza humana e os efeitos corrosivos do hedonismo e da busca implacável pelo prazer. Oscar Wilde, o autor do livro, usa a figura de Dorian Gray como um exemplo extremo de alguém que se entrega aos desejos mais baixos e se recusa a enfrentar as consequências de suas ações.

Tudo começa quando Basil, um jovem pintor, conhece Dorian e o convida para posar como modelo para uma de suas pinturas. Dorian concorda e, assim, conhece também Henry, amigo do pintor. Henry e Dorian logo se tornam próximos e o primeiro exercerá sobre o protagonista forte influência.

Fausto, de Goethe

Quando Basil termina o quadro e o mostra a Dorian, este fica completamente seduzido pela pintura. É quando ele, ao admirar o quadro, deseja ardentemente permanecer para sempre belo como na pintura. Aqui há uma referência implícita com outra obra do período ainda mais impactante que O retrato de Dorian Gray: Fausto, do poeta alemão Wolfgang von Goethe.

Na obra de Goethe, Fausto, o protagonista, vende sua alma a Mefistófeles, um demônio, em troca de conhecimento e poder. O preço pela conquista de tudo que almeja Fausto é obviamente muito alto. E assim também será com Dorian.

O retrato de Dorian Gray, edição de luxo

Mimado e acostumado a ter tudo o que deseja, ele passa a buscar uma vida de prazeres sem limites. No entanto, à medida que ele mergulha cada vez mais fundo nesse estilo de vida, sua alma vai se corrompendo e o retrato que o representa vai refletindo essa corrupção.

Wilde utiliza o retrato como uma metáfora para a verdadeira natureza de Dorian Gray. Enquanto o mundo o vê como um jovem impecável e belo, o retrato revela a verdadeira face de Dorian, marcada por seus atos imorais e pecaminosos. É como se a pintura fosse um espelho da alma de Dorian, mostrando a verdade por trás da fachada que ele apresenta ao mundo.

À medida que a história avança, o retrato vai se tornando cada vez mais grotesco, refletindo a deterioração moral de Dorian. Ele tenta esconder o retrato, mas a verdade sempre acaba vindo à tona. Wilde usa essa progressão visual do retrato para simbolizar o declínio moral de Dorian e a impossibilidade de escapar das consequências de suas ações.

“Há coisas que são preciosas por não durarem.”

O ponto culminante da história ocorre quando Dorian, em um momento de desespero, decide destruir o retrato. Ele acredita que ao fazer isso, se livrará de sua culpa e corrupção. No entanto, ao destruir o retrato, ele acaba destruindo a si mesmo, pois o retrato reflete sua alma e ao eliminá-lo, ele também elimina a própria essência de sua existência.

O retrato de Dorian Gray – influência do livro em outras obras

O Retrato de Dorian Gray é uma obra que nos faz refletir sobre a natureza humana e as consequências de nossas escolhas. Wilde nos mostra que não podemos escapar das consequências de nossos atos e que a busca desenfreada pelo prazer e a recusa em enfrentar a realidade podem levar à nossa própria destruição.

É um lembrete de que devemos ser conscientes de nossas ações e assumir a responsabilidade por elas, antes que seja tarde demais.

Sumário do livro O retrato de Dorian Gray

Uma das áreas em que o legado de O Retrato de Dorian Gray é mais evidente é na literatura contemporânea. Muitos autores têm explorado temas semelhantes, como a busca pela juventude eterna e as consequências de se entregar aos desejos mais sombrios.

Essas obras são frequentemente influenciadas pelo estilo narrativo de Oscar Wilde, que combinava uma prosa elegante com uma crítica social afiada.

Além disso, a temática de dualidade humana também tem sido explorada em várias formas de arte além da literatura. Pintores, escultores e fotógrafos têm encontrado inspiração na ideia de um retrato envelhecendo enquanto seu sujeito permanece jovem e imutável.

Essas representações visuais da dualidade têm sido usadas para explorar questões de identidade, vaidade e mortalidade.

Outro aspecto interessante do legado de O Retrato de Dorian Gray é o impacto que a obra teve na cultura popular. Referências a Dorian Gray e sua busca pela eterna juventude são frequentemente encontradas em filmes, programas de televisão e músicas. Por exemplo, o filme de mesmo título do diretor Oliver Parker (2009), estrelado por Ben Barnes e Colin Firth.

Capa do filme O retrato de Dorian Gray

Em resumo, O Retrato de Dorian Gray deixou um legado duradouro na literatura, na arte e na cultura popular. Sua exploração da dualidade humana, da busca pela juventude eterna e das consequências de nossas escolhas continua a impactar o público e a inspirar novas obras em todo o mundo.

Curiosidade sobre o livro

O retrato de Dorian Gray foi usado como prova no processo movido contra Wilde por “comportamento indecente”. O relacionamento de Wilde com Alfred Douglas levou-o a passar dois anos preso, como já citado acima. E há no livro comportamentos das personagens que sugerem relações semelhantes às de Wilde e Alfred, sendo trechos da obra considerados demonstrações dessas relações.

Como se não bastasse, o livro foi censurado, obrigando o autor a modificar a obra original para que pudesse circular.

Concluindo…

Além de suas profundas reflexões, O Retrato de Dorian Gray também é uma leitura extremamente prazerosa. A prosa de Wilde é rica em ironia e humor, e sua habilidade em criar diálogos afiados e personagens cativantes é incomparável. Através de suas palavras habilidosas, ele nos transporta para a alta sociedade londrina do século XIX, nos envolvendo em um mundo de luxo e decadência.

“O homem pode ser feliz com qualquer mulher, contanto que não a ame”.

Particularmente, esse é um dos livros que mais me impactou como leitora. É impossível não se impressionar com a atmosfera sombria dessa obra. A todo tempo, temos a sensação de que há algo muito estranho no ar. Dorian Gray é uma personagem marcante, sedutora e assustadora numa mesma medida.

O drama das personagens do livro é também, em certa medida, o nosso próprio drama, uma vez que também nós estamos sujeitos às mesmas paixões que elas. É um livro para ser lido e relido.

O retrato de Dorian Gray e a figura da borboleta com sua dualidade.

A escrita de Oscar Wilde e os temas que aborda são hoje tão ou mais pertinentes do que foram no passado. Há frases memoráveis e impactantes no livro. Dessas que funcionam muito bem como citação nas redes sociais angariando um número alto de curtidas.

Quanto aos temas abordados em O retrato de Dorian Gray, não há como negar o quanto são atuais. As redes sociais ampliaram bastante o narcisismo já característico da sociedade desde os tempos de Wilde. A preocupação excessiva com a beleza e a valorização da juventude em detrimento da velhice é pauta constante de discussão, assim como o preconceito e a condenação da homoafetividade.

Em suma, um livro inesquecível com o qual temos muito para refletir e aprender. Uma leitura prazerosa e impactante para levarmos em nosso repertório literário e emocional para toda a vida.

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