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Quincas Borba, de Machado de Assis: resenha

O livro Quincas Borba é uma das obras-primas de Machado de Assis e da literatura brasileira.

Publicado pela primeira vez em 1891, essa obra faz parte da fase realista do escritor e explora com profundidade a complexidade da alma humana.

O romance apresenta uma trama envolvente, dentro de um contexto histórico e social revelado ao leitor pela voz irônica do narrador machadiano.

Fotografia do escritor Machado de Assis.
Fotografia do escritor Machado de Assis

É um retrato dos costumes da época e uma crítica ao sistema capitalista e à sociedade burguesa. Quincas Borba nos leva a refletir sobre os jogos de aparência e a ganância humana.

Vamos, então, descobrir um pouco mais sobre esse clássico essencial de nossa literatura começando por quem dá nome ao livro.

Quem Foi Quincas Borba?

Antes de mergulharmos na história do livro Quincas Borba, é importante entender quem foi o personagem que dá nome à obra.

Quincas Borba é um filósofo bastante diferente, por assim dizer, que aparece pela primeira vez em Memórias Póstumas de Brás Cubas, outro romance de Machado de Assis.

Cena do filme Memórias Póstumas, em que o ator Marcos Caruso interpreta o filósofo Quincas Borba.
Cena do filme Memórias Póstumas, em que Marcos Caruso interpreta
Quincas Borba

Criador de uma filosofia única, o Humanitismo, Quincas Borba acredita que a vida é uma luta de que todos participam, e que é preciso vencer para sobreviver. Daí sua máxima: “ao vencedor, as batatas”.

Ele vê a existência como um jogo em que os mais aptos triunfam, uma visão que permeia toda a obra e influencia profundamente os personagens.

O Contexto Histórico do livro Quincas Borba

Escrito em um período de grandes transformações no Brasil, o livro Quincas Borba reflete a transição entre o Império e a República, além das mudanças sociais e econômicas que marcaram o fim do século XIX.

Machado de Assis, com sua visão crítica e refinada, utiliza o romance para explorar as contradições e desafios desse período.

A obra oferece uma crítica sutil à sociedade da época, questionando as desigualdades, o poder e as relações humanas.

Resumo da Trama de Quincas Borba

A História de Rubião

No romance Quincas Borba, a trama principal gira em torno de Rubião, um homem simples do interior que herda a fortuna de Quincas Borba após a morte do filósofo.

Junto com a herança, Rubião recebe a responsabilidade de cuidar de um cão, que também se chama Quincas Borba.

Rubião passeia com o cão que recebeu de herança.
Rubião passeia com o cachorro Quincas Borba

Rubião decide mudar-se para o Rio de Janeiro, onde busca aproveitar sua nova riqueza e ascender socialmente.

No entanto, o protagonista logo se vê envolvido em uma rede de intrigas, manipulações e falsas amizades.

Ele se apaixona por Sofia, esposa de seu “amigo” Cristiano Palha, um homem oportunista que, junto com Sofia, usa Rubião para ganhar vantagens financeiras.

Rubião encontra o casal Sofia e Cristiano Palha na viagem de Barbacena para o Rio de Janeiro.
Rubião com o casal Sofia e Cristiano Palha

À medida que a trama avança, Rubião começa a perder o controle sobre sua vida e sua sanidade, caindo em um estado de delírio influenciado pelas ideias de Quincas Borba e pelo Humanitismo.

A Decadência de Rubião

A trajetória de Rubião no livro Quincas Borba é marcada por uma ascensão rápida seguida de uma queda vertiginosa.

Sua ingenuidade e falta de malícia tornam-no presa fácil para as pessoas que o cercam.

A fortuna que deveria trazer felicidade acaba se tornando uma maldição, à medida que ele perde tudo – dinheiro, amigos e, finalmente, a própria sanidade.

O final do romance é trágico, com Rubião completamente alienado da realidade, vivendo em um mundo de delírios onde acredita ser Napoleão Bonaparte.

Rubião, já enlouquecido, na companhia de Quincas Borba.
Rubião, já enlouquecido, na companhia de Quincas Borba

A degradação de Rubião é uma crítica de Machado de Assis às ilusões da ascensão social e ao vazio de uma vida baseada apenas em aparências e riqueza material.

Análise dos Personagens de Quincas Borba

Rubião: O Anti-Herói Trágico

O protagonista do romance Quincas Borba é um dos personagens mais complexos de Machado de Assis.

Rubião é retratado como um anti-herói, alguém que, apesar de suas boas intenções e coração puro, é incapaz de sobreviver à crueldade do mundo ao seu redor.

Sua trágica história serve como um alerta sobre os perigos da ingenuidade e da falta de autoconhecimento.

Sofia e Cristiano Palha: A Dissimulação

O casal Palha manipula Rubião ao longo do livro. Eles representam a hipocrisia e o oportunismo da sociedade da época.

Sofia é uma mulher encantadora, mas fria e calculista, que usa sua beleza para conquistar e manipular Rubião.

Cristiano Palha, por sua vez, é um homem astuto que vê em Rubião uma oportunidade de enriquecer. Juntos, eles exemplificam como a ganância e a falta de escrúpulos podem destruir vidas.

Quincas Borba: O Filósofo Louco

Quincas Borba, embora não esteja fisicamente presente durante a maior parte do romance, exerce uma influência poderosa sobre a trama.

Sua filosofia do Humanitismo, que prega a luta pela sobrevivência como a lei máxima da vida, serve como uma espécie de justificação para a crueldade e o egoísmo que permeiam a história.

A figura de Quincas Borba é ao mesmo tempo cômica e trágica, representando a loucura que pode surgir das ideias levadas ao extremo.

A Filosofia do Humanitismo no Livro Quincas Borba

Ao Vencedor, as Batatas

Uma das frases mais célebres do livro Quincas Borba é “ao vencedor, as batatas”.

Essa expressão resume a essência do Humanitismo, a filosofia criada por Quincas Borba.

Página de rosto de uma das edições do romance de Machado de Assis.
Página de rosto de uma das edições do romance Quincas Borba

Segundo essa visão, a vida é uma luta constante, e apenas os mais fortes ou mais aptos sobrevivem e prosperam.

O Humanitismo é uma paródia das teorias evolucionistas e sociais que estavam em voga na época, como o darwinismo social.

Machado de Assis utiliza essa filosofia para criticar a brutalidade e a falta de empatia que ele via na sociedade de sua época.

O Humanitismo é, na verdade, uma visão distorcida da realidade, que justifica a exploração e o sofrimento dos mais fracos como algo natural e inevitável.

A Crítica Social de Machado de Assis

Por trás do livro Quincas Borba e da filosofia do Humanitismo, está uma crítica mordaz de Machado de Assis à sociedade brasileira do final do século XIX.

O autor expõe as desigualdades, a corrupção e a hipocrisia que permeavam as relações sociais, especialmente entre as classes mais altas.

A história de Rubião é um reflexo das armadilhas da ambição e das ilusões de poder, mostrando como a busca pelo status e pelo dinheiro pode levar à ruína.

O Legado do Livro Quincas Borba

Importância na Literatura Brasileira

O romance Quincas Borba ocupa um lugar de destaque na literatura brasileira, sendo uma obra essencial para a compreensão da fase realista de Machado de Assis.

Sua profundidade psicológica, aliada à crítica social afiada, faz dele um exemplo perfeito do estilo machadiano.

A obra continua a ser estudada e admirada, tanto no Brasil quanto internacionalmente, por sua complexidade e relevância atemporal.

Quincas Borba na Cultura Popular

O impacto do livro Quincas Borba não se limita ao mundo literário. A obra já foi adaptada para o cinema e a televisão, além de inspirar peças de teatro e estudos acadêmicos.

Foto de um grupo de atores de uma das peças de teatro inspiradas no romance Quincas Borba.
Peça teatral inspirada no romance Quincas Borba

A figura de Quincas Borba e sua filosofia se tornou um símbolo cultural, representando a ironia e o humor característicos de Machado de Assis.

Conclusão: Por Que Ler o Livro Quincas Borba?

Ler o livro Quincas Borba é uma experiência enriquecedora que vai além do simples prazer da leitura.

A obra oferece uma reflexão profunda sobre a natureza humana, a sociedade e as armadilhas do poder e da ambição.

Com sua narrativa envolvente e personagens memoráveis, Machado de Assis nos convida a questionar nossas próprias crenças e valores, enquanto nos deliciamos com a genialidade de sua escrita.

Ao embarcarmos nessa jornada, não apenas nos conectamos com um dos maiores clássicos da literatura brasileira, mas também podemos explorar os meandros da alma humana de uma forma que só Machado de Assis poderia proporcionar.

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