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A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo: resenha

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A Moreninha, romance de Joaquim Manuel de Macedo, foi publicado em 1844. Esse é o primeiro romance brasileiro de sucesso. Foi publicado em capítulos nos jornais da época e é uma das obras que inauguram o Romantismo no Brasil.

Neste post, veremos do que se trata esse livro e quem é o seu autor.

Quem é Joaquim Manuel de Macedo?

Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882) foi médico, escritor, político e professor. Apesar de sua formação em Medicina, destacou-se como autor de romances românticos e tornou-se um dos maiores escritores de nossa literatura.

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Livro A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo

Sua obra mais conhecida, A Moreninha, foi publicado quando ele tinha apenas 24 anos, consagrando-o como o grande romancista de sua época.

Além de escritor, Joaquim Manuel de Macedo escreveu também peças de teatro, crônicas e participou ativamente da vida política e social do Império.

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Resumo de A Moreninha

A história começa com quatro estudantes de Medicina, Augusto, Leopoldo, Fabrício e Filipe, indo passar o feriado de Santa Ana na casa da avó de Filipe, na ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro.

Augusto, um jovem namorador que costumava cortejar várias mulheres não se compretendo seriamente com nenhuma delas. Nesse feriado, ele faz uma aposta com os amigos de que passaria o final de semana sem se apaixonar por ninguém.

A avó de Filipe, no entanto, tinha uma neta, Carolina, uma moça espirituosa, alegre e inteligente. Ela logo chamou a atenção de Augusto por ser diferente das outras moças e não se comportar como se esperava das jovens da época.

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Nívea Maria em cena de A Moreninha, novela da Rede Globo.
Nívea Maria em cena da novela A Moreninha, da Rede Globo

Carolina rejeitava todos os pretendentes que apareciam e chegava até a debochar deles. Mas também se interessa por Augusto. Os dois conhecem-se melhor e, durante os dias que passam juntos na ilha, iniciam um romance.

Tanto Augusto quanto Carolina mudam o seu modo de agir em relação ao amor e, depois de alguns desencontros e alguma dose de sofrimento, acabam ficando juntos.

Na verdade, o comportamento leviano de Augusto com as mulheres e as atitudes desafiadoras de Carolina diante dos pretendentes tinham uma justificativa.

Os dois haviam se conhecidos 13 anos antes, na praia de Paquetá, quando ainda eram crianças. Apaixonam-se um pelo outro e prometem amar-se para sempre. Por isso não conseguiam se envolver de verdade com outras pessoas.

A história termina com Augusto e Carolina juntos e felizes.

Personagens principais de A Moreninha

Augusto: jovem estudante, sedutor e descrente do amor verdadeiro, mas que muda de ideia ao encontrar Carolina.

Carolina (a Moreninha): protagonista do romance, moça de espírito vivo e encantador, ela representa a pureza, a astúcia e a feminilidade romântica.

Filipe: primo de Carolina e amigo de Augusto.

Dona Ana: avó de Filipe e Carolina e dona da casa na ilha de Paquetá.

Leopoldo e Fabrício: companheiros estudantes de Augusto, que dão leveza e humor à narrativa.

Temas principais do romance

  • Idealização do amor: O amor é tratado como um sentimento puro e verdadeiro, capaz de mudar o caráter de uma pessoa.
  • Enaltecimento da figura feminina: Embora Carolina tenha uma personalidade forte e fuja da cordialidade e docilidade esperada das moças da época, ainda assim ela corresponde aos moldes românticos femininos.
  • Amizade e companheirismo: Augusto e seus amigos têm um relacionamento leve e marcado pela lealdade.
  • A força do destino: o reencontro entre Augusto e Carolina tantos anos depois reforça a ideia da força implacável do amor e de sua predestinação.

O folhetim

A Moreninha é primeiro folhetim de sucesso brasileiro. Os romances românticos eram chamados de folhetim por serem publicados em capítulos periodicamente nos jornais da época.

Devido ao sucesso que as histórias românticas faziam entre o público, principalmente feminino, começaram a ser reproduzidos sempre no mesmo molde.

Assim, os folhetins apresentam sempre protagonistas que se envolvem em uma grande paixão um pelo outro. No entanto, não podem ficar juntos. Geralmente, esse impedimento vem de uma terceira pessoa que é, em geral, o vilão ou vilã da história.

O folhetim sempre tem um triângulo amoroso e o maniqueísmo, de um lado está o bem, representado pelos mocinhos, e de outro, o mal, representado pelo vilão ou vilões.

Outro aspecto importantes das histórias narradas nos folhetins são as reviravoltas e as peripécias. A história sofre mudanças inesperadas através de revelações sobre o passado das personagens.

No final, o bem vence o mal. E os protagonistas terminam juntos e felizes. Geralmente, há o casamento e o início de uma nova família.

Cena da novela A Moreninha
Cena da novela A Moreninha

Os folhetins fizeram tanto sucesso que continuaram a ter a sua fórmula reproduzida em outros meios, como o rádio e a televisão, e deram origem a uma das produções mais famosas de nossa cultura, as novelas.

Estilo e linguagem de A Moreninha

A linguagem do livro é simples, coloquial e acessível, adequada para o público da época e ao suporte onde era publicada, o jornal, meio de comunicação de massa, destinado a alcançar um grande número de pessoas.

Uso de descrições idealizadas das personagens e cenários, de acordo com os moldes românticos.

Estrutura narrativa linear e leve, associando os momentos amorosos a situações engraçadas e divertidas.

Conclusão

A Moreninha é o primeiro grande romance urbano do Brasil, ambientado no Rio de Janeiro. Esse livro tornou-se o símbolo da primeira geração romântica, teve enorme sucesso popular e influenciou outros escritores.

Ainda hoje, é considerado um dos mais importantes romances da literatura romântica brasileira, sendo leitura obrigatória para quem quer entender melhor esse estilo e a época em que o livro foi escrito.

Samira Mór é formada em Letras pela UFJF e Mestra em Literatura pela mesma instituição. É também professora das redes pública e privada há mais de trinta anos. Apaixonada por palavras e livros desde sempre, seu objetivo é partilhar com as pessoas o amor pela leitura e pelos livros.

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