A arte renascentista é conhecidada por sua beleza e pelos traços harmônicos. Cores equilibradas, clareza, simetria. E muita precisão e mimetismo.
Neste artigo, exploraremos a história de duas obras de um dos maiores artistas do Renascimento italiano e também de todos os tempos: Michelangelo.
Quem foi Michelangelo?
Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni nasceu viveu de 1475 a 1564. Ele nasceu na cidade de Caprese, na região da Toscana, Itália. Na época, essa região pertencia à República de Florença.
Michelangelo era um aristocrata de família pobre. Seus antepassados eram donos de um banco em Florença que havia falido e levou os Simoni à falência.

Desde de ainda bem pequeno, Michelangelo demonstrou grande interesse pelas artes, embora isso desagradasse a seu pai. Educado em Florença, aprendeu os princípios humanistas que, mais tarde, influenciariam fortemente sua arte.
Na juventude, após estudar com um renomado artista da época, passou a ser patrocinado pela rica família Médici. Essa família era conhecida por seu apreço pelas artes e por custear e proteger os artistas do período.
A partir daí, Michelangelo também teve contato com a arte clássica da Antiguidade, advinda principalmente da cultura grega, e, assim, ampliou seus princípios humanistas.
Seus conhecimentos e produções artísticas foram crescendo até ele se mudar para Roma e consolidar o seu nome como um dos maiores artistas da cultura ocidental e universal.
Michelangelo foi também arquiteto e poeta. Faleceu na cidade de Roma, em 1564.
Davi, de Michelangelo
Michelangelo tinha predileção pela escultura e produziu obras incríveis dentro dessa expressão artística. Uma delas é Davi, obra de mais de 5 metros de altura esculpida em mármore e de exímia beleza e precisão.
A escultura de Davi foi concluída em 1504 e, inicialmente, deveria ficar no alto da monumental Basílica de Maria Del Fiori, em Florença.

No entanto, um grupo de artistas, o qual incluía Leonardo da Vinci e Boticelli, ao perceber a grandeza dessa obra, concluiu que Davi deveria ficar em um lugar onde todos poderiam apreciá-la de perto.
Colocaram-na, então, em uma praça de grande movimento, a Piazza Della Signoria. E ali a escultura permaneceu até o século XIX. Em 1873, Davi foi transferido para a Galleria Della Academia.
No lugar da escultura original, há hoje uma cópia para que os passantes ainda hoje tenham o prazer de lembrar-se da genialidade de Michelangelo.

A perfeição de Davi é realmente impressionante. Um detalhe que chama a atenção é a mão da figura, em que as veias do dorso são representadas com tal perfeição que não deixam nada a dever realmente à aparência da mão humana.

O Davi, representado pela escultura de Michelangelo, é uma das maiores personagens das histórias bíblicas. Segundo os livros de I e II Samuel, foi um homem escolhido por Deus para ser rei de Israel.
Davi era alguém aparentemente improvável para exercer tal função, no entanto, manifestou grande coragem e inteligência ao enfrentar o gigante Golias, ameaça terrível ao povo judeu na época.
É esse Davi que é retratado na escultura. Um rapaz de cabelos anelados, muito jovem, em pose de alguém que se posta de prontidão diante do inimigo, segurando às costas a funda que mataria Golias.
O nascimento de Adão, Capela Sistina, por Michelangelo
Os afrescos, pinturas feitas nas paredes e muros e não sobre uma tela, são também outra forma de arte em que Michelangelo se destacou. Quem visita a Capela Sistina, em Roma, pode ver as cenas de Gênesis, primeiro livro da Bíblia, retratadas em seu teto.

A cena mais famosa é a chamada O nascimento de Adão, em que Deus parece se mover ao encontro de Adão e quase tocar-lhe o dedo indicador. A obra é belíssima e cheia de movimento e simetria, traços característicos do Renascimento.
Essa é uma das obras que ilustra o fusionismo da arte clássica renascentista, ou seja, a associação da cultura cristã com a cultura greco-latina, considerada pagã e também humanista. Há, no fusionismo, a apropriação de valores teocêntricos retratados sob uma visão antropocêntrica.
Assim, Michelangelo retrata a cena bíblica, o encontro entre Deus e Adão, não como se o último fosse apenas um objeto da soberania e do poder divino. Mas, sim, como alguém que recebe do Altíssimo, através do toque dos dedos de ambos, a capacidade de criar seu próprio mundo através de suas próprias mãos.

Outro ponto que reflete a visão humanista de Michelangelo é a prevalência da nudez humana em suas obras. Traço que, inclusive, causou desconforto aos fiéis, frequentadores da Capela, à época, que se incomodavam com as figuras nuas naquele ambiente religioso.
Michelangelo passou três anos, entre 1508 e 1511, produzindo os afrescos dessa igreja, deitado sobre um andaime e sujeito a uma tinta tóxica. Além disso, estudou anatomia e fez vários esboços da cenas, buscando o maior mimetismo possível para as figuras humanas representadas ali.
Conclusão
As obras renascentistas são impressionantes e de grande beleza. Essa era, inclusive, um dos conceitos que os artistas do Renascimento buscavam para a sua arte. A Beleza, associada ao Bem e à Verdade se interligavam na busca pela perfeição capaz de aproximar o homem de Deus.
As obras de Michelangelo como as referidas neste artigo, Davi e O Nascimento de Adão, são exemplos da precisão e da grandeza da arte clássica renascentista. Elas demonstram, acima de tudo, a capacidade humana de realizar grandes feitos literalmente com as próprias mãos.
Samira Mór é formada em Letras pela UFJF e Mestra em Literatura pela mesma instituição. É também professora das redes pública e privada há mais de trinta anos. Apaixonada por palavras e livros desde sempre, seu objetivo é partilhar com as pessoas o amor pela leitura e pelos livros.
