A 2ª Geração do Modernismo brasileiro absorveu as propostas trazidas pela 1ª geração, como o verso livre e a coloquialidade e também trouxe de volta características da literatura acadêmica tradicional.
A seguir, veja quais foram os principais autores dessa geração e suas principais obras.
Poesia da 2ª Geração do Modernismo Brasileiro
A poesia da 2ª Geração do nosso Modernismo caracteriza-se por trazer de volta a metrificação e a rima abandonadas pela 1ª Geração.
No entanto, as propostas dos primeiros modernistas, como o verso livre e a linguagem coloquial, permanecem.
Principais poetas da 2ª Geração do Modernismo Brasileiro
A 2ª Geração do Modernismo tem grandes e importantes nomes na poesia. São eles: Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Vinícius de Moraes, Murilo Mendes e Jorge de Lima.
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
O poeta Carlos Drummond de Andrade tem uma poesia vasta e exemplar. Nascido em Itabira, no interior de Minas Gerais, Drummond produziu uma poesia marcada pela memória, pelo exercício da metalinguagem, pela ironia e pela figura do gauche.
Gauche, palavra de origem francesa, significa esquerdo, aquele que não se encaixa, que fica de lado. Assim é o eu-lírico da poesia drummondiana, alguém que observa o mundo com um olhar desconfiado, à distância, mas com a capacidade de traduzir de forma aguda esse mesmo mundo.
Cecília Meireles (1901-1964)
A poetisa Cecília Meireles é um dos primeiros nomes femininos a se destacar em nossa literatura.
Sua poesia caracteriza-se pela melancolia, pela religiosidade e pela musicalidade. Cecília deixou-nos uma poesia de fortes traços simbolistas e encantou gerações com versos bonitos e de questionamento existencial.
Vinícius de Moraes (1913-1980)
O poeta Vinícius de Moraes é um dos escritores mais conhecidos de nossa literatura. Isso graças ao fato de ele ser também um grande compositor de nossa música popular.
Vinícius é o nosso poeta do amor e dos sonetos inesquecíveis como o famoso “Soneto de fidelidade”. Outro tema constante de sua poesia é a mulher, enaltecida em seus versos e letras.
Murilo Mendes (1901-1975)
Murilo Mendes é natural da cidade de Juiz de Fora, interior de Minas Gerais. Sua poesia é marcada pela influência da vanguarda surrealista.
É também marcada pelas temáticas religiosa e social e por imagens do cotidiano regadas pela atmosfera onírica e surreal.
Jorge de Lima (1893-1953)
Jorge de Lima também apresenta em seus versos a influência do Surrealismo. Além disso, há ainda a presença da religiosidade católica e da crítica social relacionada à condição e à história do negro em nossa sociedade.
Prosa da 2ª Geração do Modernismo Brasileiro
Dentre os escritores da prosa da 2ª Geração do Modernismo, também temos grandes nomes. Destacam-se: José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Rachel de Queirós e Érico Veríssimo.
Essa geração caracterizou-se pelo retorno a práticas que caracterizaram o romance realista de finais do século XIX. A preocupação com um linguagem esmerada, obedientes às regras gramaticais, a crítica social aguda e o regionalismo são características marcantes das obras do período.
José Lins do Rego (1901-1957)
A prosa de José Lins do Rego procurou retratar a vida no interior da Paraíba, onde nasceu.
Suas obras têm fortes traços biográficos e uma forte crítica social e política. Também são características de seus livros a presença da linguagem coloquial e de termos e costumes paraibanos.
Dois de seus romances são bastante conhecidos e inspirados nas lembranças e experiências biográficas do autor: Menino de Engenho e Fogo Morto.
Graciliano Ramos (1892-1953)
A obra de Graciliano Ramos é marcada por uma forte crítica social, demonstrando os contrastes sociais e a desigualdade, pessimismo em relação ao humano, investigação psicológica e uma linguagem seca e esmerada.
Produziu obras importantes de nossa literatura, como São Bernardo e Vidas secas. Este último retrata uma história que infelizmente, quase um século depois de ter sido escrita, continua bastante atual.
Vidas secas narra a luta de uma família de retirantes pela sobrevivência no sertão semiárido nordestino. Fabiano, Sinhá Vitória, seus dois filhos e a cachorra Baleia enfrentam uma série de obstáculos num ciclo ininterrupto de seca e abandono.
Jorge Amado (1912-2001)
Jorge Amado é um dos escritores mais famosos do Brasil. Isso se deve à popularidade de seus romances. Boa parte deles tornaram-se obras televisivas e cinematográficas e alcançaram, com isso, um grande público.
Suas obras falam da Bahia, sua terra de origem, explorando a alegria e a força da cultura baiana. Também fazem forte crítica ao coronelismo, à desigualdade social e à hipocrisia da sociedade.
Jorge Amado tem uma obra vasta. Alguns de seus romances são: Gabriela, Dona Flor e seus dois maridos, Capitães de Areia, Teresa Batista, Tieta, entre outras.
Rachel de Queiroz (1910-2003)
Outra mulher pioneira no nosso cânone literário, Rachel de Queiroz publicou seu primeiro romance, O Quinze, aos dezessete anos.
Essa obra tem como cenário uma das mais severas secas do interior do Nordeste. O romance acontece no Ceará, em 1915, e tem a professora Conceição e seu amor por seu primo Vicente, e a família de Chico Bento como núcleos do enredo.
A autora escreveu ainda crônicas, contos e outros romances, como As três Marias, Dora Doralina e Memorial de Maria Moura. Este último se tornou uma minissérie de grande sucesso na televisão.
Érico Veríssimo (1905-1975)
Érico Veríssimo, escritor gaúcho, tem também uma obra vasta, dividida em contos, novelas, romances, ensaios, literatura infanto-juvenil e traduções.
Tem várias obras importantes, dentre elas Clarissa, Incidente em Antares e a trilogia O tempo e o Vento.
O primeiro tem como protagonista uma menina curiosa e desejosa de aprender e evoluir, o segundo tem características fantásticas e narra um dia na vida de uma cidade em que os mortos voltam a vida, já o último é uma obra histórica ambientada durante a Guerra dos Farrapos.
Conclusão
A 2ª Geração do Modernismo brasileiro foi um período muito rico para a nossa literatura. Muitas obras importantes foram produzidas e tornaram-se clássicos literários.
Foi uma geração marcada pelas angústias da Segunda Guerra, dos regimes nazi-facistas e da ditadura Vargas. A denúncia social, o retorno à tradição clássica e acadêmica aliada às propostas da 1ª geração e o regionalismo foram os seus traços mais marcantes.