Ler sempre foi minha paixão.
Mesmo antes de aprender a ler, a magia das palavras e das histórias me encantava. Aos dois anos, contava histórias à beira da cama de meu padrinho acamado por uma doença no coração. Ele partiu, eu parei de contar histórias.
Mas nunca deixei de amá-las.
Em minha casa, não havia muitos livros. Meu pai, no entanto, estava sempre lendo alguma coisa no cantinho da área onde era sua oficina. Ele era técnico em eletrônica e consertava televisores. E lia, lia revistas, orações, manuais. Na casa de minha tia, ah lá, sim, tinha muitos livros e histórias também. Eu estava sempre interessada nas duas coisas.
Na escola, passava horas na biblioteca e sabia de cor de todos os livros para crianças e adolescentes que havia lá. Costumava até a ajudar a irmã, era um colégio de freiras, a arrumar as estantes onde os tão preciosos objetos ficavam. Só fui ter livros meus, em minha casa, quando já era adulta e podia comprá-los com o meu próprio dinheiro.
Hoje, tenho tantos livros que é difícil até de guardá-los. Eles são, para mim, um prazer que não se limita à leitura que me proporcionam. Gosto do cheiro do papel, de brincar com os dedos em suas páginas, de admirar as capas.
Como professora, de Literatura, procuro transmitir aos meus alunos esse meu amor pelos livros.
Creio que todo mundo tem uma marca, uma referência, que nos identifica diante dos outros. A minha marca certamente são os livros. Sou a “literária”.