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Cinco romances brasileiros que ganharam as telas do cinema e da tv

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Não é novidade vermos romances brasileiros tornarem-se obras de sucesso no audiovisual. Recentemente, o filme Ainda estou aqui, baseado no livro de mesmo título, de Marcelo Rubens Paiva, não só ganhou muitos prêmios e elogios como também o coração de espectadores do mundo todo.

Assim como essa obra, muitas outras também alcançaram grande sucesso fora dos livros. Neste post, veremos cinco romances brasileiros que ganharam as telas do cinema e da tv e conquistaram o grande público.

Romances brasileiros que viraram filmes

A Literatura é frequentemente matéria para obras do audiovisual, no cinema e na TV, sendo inspiração para filmes, novelas e séries televisivas. Alguns escritores, como José de Alencar, Ariano Suassuna, Miltom Hatoum, Paulo Lins e, principalmente, Jorge Amado, produziram obras que se tornaram conhecidas e amadas pelo público através do cinema e da televisão.

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A seguir, falaremos sobre cinco romances que ganharam as telas do cinema e da tv e se tornaram filmes, novelas e séries de grande sucesso, conquistando admiradores e leitores através das telas e da chamada cultura de massa.

Gabriela, cravo e canela

O romance Gabriela, cravo e canela foi escrito e publicado por Jorge Amado em 1958. A narrativa é ambientado na Bahia, na cidade de Ilhéus, na década de 1920.

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Cena da novela Gabriela com Juliana Paes.
Juliana Paes em cena da novela Gabriela, da Rede Globo, exibida em 2012

Gabriela chega à cidade vinda do sertão e conquista a todos com sua beleza, alegria e boa comida. Seus encantos seduzem principalmente o árabe Nacib que contrata a moça para trabalhar como cozinheira em seu estabelecimento, o bar Vesúvio.

Além do amor entre Gabriela e Nacib, o romance explora outras temáticas importantes como o fim do coronelismo, o período áureo da agricultura do cacau na região e a modernização das relações de comércio.

O romance de Jorge Amado teve as suas seis primeiras edições esgotadas rapidamente e foi traduzido para trinta e três idiomas. Tornou-se filme em 1983, protagonizado por Sônia Braga, e novela de sucesso da Rede Globo em 2012 com Juliana Paes no papel principal.

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Jorge Amado é o escritor que tem mais obras levadas para o audiovisual. Ao todo, são dez adaptações, sendo Gabriela, cravo e canela e Dona Flor e seus dois maridos as mais conhecidas.

A linguagem dinâmica e os temas populares, além de personagens carismáticos, talvez sejam os motivos de tantas adaptações. Além disso, o escritor foi mestre em elaborar romances com os tons do folhetim, que é uma estrutura romanesca criada pelos escritores românticos do século XIX.

Senhora

Senhora, romance de José de Alencar, publicado em 1874 como folhetim, ganhou logo o público leitor da época, sendo lançado em livro no ano seguinte.

Abertura da novela Essas mulheres, com as três heroínas de José de Alencar
Abertura da novela Essas mulheres, com as três heroínas de José de Alencar

O folhetim era uma forma de publicação em que os capítulos dos romances chegavam ao público através dos jornais periodicamente. Esse formato deu origem às novelas de rádio e, posteriormente, às televisivas.

Senhora narra a história de Aurélia Camargo, jovem que recebe uma herança tornando-se muito rica. Ela usa dessa fortuna para comprar um marido, um rapaz ambicioso chamado Fernando Seixas.

O objetivo de Aurélia não é só o de arrumar um marido, mas o de se vingar de Fernando por tê-la abandonado depois de ter conquistado o seu coração. O rapaz havia feito isso para tornar-se noivo da rica Adelaide com vistas a um gordo dote, um valor alto em dinheiro, pelo casamento.

O livro faz uma forte crítica ao jogos de interesse da sociedade burguesa carioca da época e também ao casamento por interesse. Também coloca em questão a importância da família e o papel da mulher na sociedade.

Assim como outros romances românticos do século XIX, essa obra tornou-se uma novela de grande sucesso pela TV Record em 2005. A novela Essas mulheres é uma adaptação não só de Senhora, mas também de dois outros romances urbanos de Alencar, Lucíola e Diva.

Na novela, as três heroínas, Aurélia, Lúcia e Emília, ou Mila, são amigas e vivem os seus dramas ajudando-se mutuamente.

Dois irmãos

Dois irmãos é um romance do escritor Milton Hatoum publicado em 2000. Ganhador do prêmio Jabuti, em 2001, o livro conta a história de dois irmãos gêmeos de personalidades muito diferentes e que têm uma relação difícil, marcada por ciúmes e rancor.

Os irmãos Yaqub e Omar, na minissérie Dois irmãos
Os irmãos Yaqub e Omar, vividos por Cauã Reymond, em Dois irmãos

Yaqub e Omar crescem recebendo do pai tratamentos muito diferentes e isso cria entre eles uma série de desconfortos. A família, de origem libanesa, vive em Manaus em meados do século XX.

Nael, narrador do livro e filho da empregada da família, que busca entender a si mesmo na medida em que narra a rotina da família e a relação conturbada entre os gêmeos.

Os irmãos começam por disputar o amor da mãe, Zana, e esse é um dos principais motivos de afastamento entre os dois. Também disputam o amor da mesma moça, Lívia, menina rica que se torna o motivo de Omar ferir o rosto de Yaqub.

As questões sociais do período, como o crescimento da cidade de Manaus, a constituição da sociedade patriarcal e seus jogos de poder, e também as relações de trabalho doméstico são temas de grande relevância no livro.

Dois irmãos tornou-se minissérie da Rede Globo em 2017, com direção de Luiz Fernando Carvalho e Cauã Reymond no papel dos protagonistas. O sucesso foi tanto que levou a um aumento de 600% nas vendas do romance de Milton Hatoum.

O Auto da Compadecida

Embora não seja propriamente um romance e, sim, uma peça teatral, O Auto da Compadecida tem estrutura e narrativa próximas do gênero romance. A obra teatral foi escrita por Ariano Suassuna em 1955.

Cena do filme O auto da Compadecida, com Chicó e João Grilo em meio à caatinga.
Cena famosa do filme O auto da Compadecida, com Selton Melo e Matheus Nachtegaele

A peça é dividade em três atos e é ambientada no sertão nordestino. A história narra as aventuras dos amigos Chicó e João Grilo em sua luta para sobreviver a um meio inóspito.

Inicialmente, os dois são empregados de uma padaria e são incumbidos pela mulher do padeiro de convencer o padre a benzer um cachorro. O animal pertence à patroa dos amigos e está à beira da morte.

O cão morre antes de ser benzido, mas João Grilo, através de uma artimanha, consegue convencer o padre a fazer o velório do bicho.

Chega, então, à cidade o grupo de cangaceiros liderado por Severino. Eles matam quase todos no lugar, inclusive João Grilo.

Os mortos são levados à presença do Diabo e de Maria, a Compadecida, onde são julgados. Boa parte do grupo é mandado para o Purgatório ou para o Paraíso. Já João é enviado de volta à terra e a seu corpo que está sendo velado por Chicó.

À peça O Auto da Compadecida, foi agregada uma outra, também de Suassuna, O santo e a porca, na adaptação para o cinema em um filme com direção de Guel Arraes, produzido pela Globo Filmes, no ano 2000.

Recentemente, o filme O Auto da Compadecida 2 chegou aos cinemas com os mesmos atores do primeiro filme, Selton Melo e Matheus Nachtegaele, nos papéis principais.

Cidade de Deus

O romance Cidade de Deus, de Paulo Lins, publicado em 1997, narra a vida dos moradores de uma das favelas mais conhecidas do Rio de Janeiro, abrangendo cerca de três décadas, dos anos 1960 aos 1980.

Cena do filme Cidade de Deus
Cena do filme Cidade de Deus

O livro nos conta sobre o cotidiano de uma série de personagens que lutam para sobreviver, enfrentando constantemente a pobreza, a fome e a violência. Assim, a narrativa vai desenrolando os acontecimentos e mostrando como a favela vai crescendo, deixando de ser um conjunto habitacional para se tornar o centro do crime organizado.

O narrador é Buscapé, um jovem que sonha em ser fotógrafo e escapar da dura realidade do crime. Contrastando com os sonhos de uma vida honesta e longe da violência e das drogas, vida que é almejada por Buscapé, está Dadinho que ascende rapidamente no submundo do crime até se tornar um dos traficantes mais temidos do lugar.

Cidade de Deus é um retrato poderoso e inflexível de uma sociedade marginalizada, e explora as escolhas que os indivíduos fazem quando confrontados com oportunidades limitadas e a influência avassaladora do meio em que vivem.

O romance, transformado em filme em 2002, significou o marco da retomada da produção cinematográfica no Brasil. A obra levou ao cinema cerca de três milhões de espectadores e recebeu quatro indicações ao Oscar.

Conclusão

A literatura, o cinema e a televisão sempre andaram juntos no Brasil. Frequentemente, obras já reconhecidas no meio literário são levadas às telas com grande sucesso. Esse processo permite, inclusive, que boas histórias e referências culturais importantes cheguem a um público bem maior devido ao poder de alcance dos meios audiovisuais.

Vimos neste post cinco romances brasileiros que ganharam as telas do cinema e da tv e alcançaram grande sucesso. Assim como nossa literatura é rica e cheia de boas histórias, também nosso cinema e as obras televisivas nos divertem, emocionam e ampliam nosso universo cultural. Que assim permaneça!

Samira Mór é formada em Letras pela UFJF e Mestra em Literatura pela mesma instituição. É também professora das redes pública e privada há mais de trinta anos. Apaixonada por palavras e livros desde sempre, seu objetivo é partilhar com as pessoas o amor pela leitura e pelos livros.

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