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Cinco livros inesquecíveis da literatura brasileira – #1

Listar apenas cinco livros inesquecíveis da literatura brasileira não é tarefa fácil. Nossa literatura tem uma série enorme de bons livros e bons autores. E quem é amante dos livros certamente tem uma boa lista de obras memoráveis já lidas.

Há os livros clássicos lidos na escola, os lidos por conta própria porque estavam “na moda” e todo mundo falava deles, os indicados por um amigo ou professor, os encontrados por acaso numa voltinha pelas prateleiras da livraria no fim da tarde. Enfim, muitas são as formas de se encontrar com um bom livro e ser impactado por ele.

Cinco livros inesquecíveis da literatura brasielira

Eu, muitas vezes, sou seduzida pelas capas. Acho admirável a criatividade que têm os designers para formatar uma boa capa e como essa capa consegue condensar ou chamar a atenção para um determinado elemento-chave da narrativa.

O primeiro parágrafo também é muito importante. É preciso aquela frase que impacta, que pega o leitor de jeito, que o deixa curioso, que gera o desejo da leitura.

Neste post, veremos cinco obras de nossa literatura inesquecíveis para todo leitor que nelas se aventura. São obras do nosso cânone, de autores renomados, e que trazem muitas reflexões importantes.

O cortiço, de Aluísio Azevedo

O cortiço é um romance sensual e divertido. Divertido não no sentido de ser uma história alegre, mas em relação aos muitos acontecimentos e à vivacidade das personagens. Escrito por Aluísio Azevedo, em 1890, O cortiço é a principal obra do movimento naturalista no Brasil.

O escritor Aluísio Azevedo, autor de O cortiço.
Aluísio Azevedo, autor de O cortiço.

Nascido em 1857, no Maranhão, Aluísio Azevedo contribuiu magistralmente para o romance brasileiro. Com uma prosa bem elaborada, muitas vezes poética, ele retratou as dores do Brasil de um jeito colorido e sensual. Seu texto é fluente e envolve o leitor em tramas bem construídas.

Aluísio escreveu obras bastante conhecidas como O mulato, de 1881, romance que inaugura o Naturalismo no Brasil, Casa de pensão, de 1884, e O cortiço, seu livro mais aclamado.

O cortiço conta a história do Cortiço São Romão, um conjunto de 95 casinhas em que moram pessoas da classe baixa, em sua maioria lavadeiras e trabalhadores de uma pedreira nas proximidades. O lugar pertence a João Romão, um ambicioso comerciante português amasiado com Bertoleza, mulher escravizada e que sonha conseguir sua alforria.

Romance O cortiço, de Aluísio Azevedo, uma das obras inesquecíveis de nossa literatura.
Romance O cortiço, de Aluísio Azevedo.

No cortiço, encontramos personagens memoráveis como Rita Baiana, mulher bela e sedutora, que espalha sua alegria nas noites de roda de choro. Ou Pombinha, menina dócil e ingênua, que se esmera em ajudar os moradores do cortiço com sua escrita. Ou ainda Jerônimo, homem honesto e trabalhador, que se muda com sua família para o cortiço e, ali, tomado de paixão por Rita, acaba por se perder.

O grande personagem da obra é o próprio cortiço. Este tem vida própria e todos que nele vivem são absorvidos por esse meio. O Naturalismo tinha como um de seus princípios a corrente cientificista e filosófica do Determinismo que pregava que o homem é produto do meio, da raça e da condição histórica. Os moradores do cortiço vivem ali de modo a comprovar a tese determinista.

O enredo do romance mostra as engrenagens da sociedade capitalista e como um homem consegue conquistar fortuna e status, saindo do zero. No entanto, o faz oprimindo e explorando as pessoas que vivem no lugar.

O cortiço é, portanto, uma obra inesquecível da literatura brasileira por nos fazer pensar sobre a nossa própria realidade, marcada pela desigualdade social, pela sensualidade e amoralidade, e por personagens interessantes e emblemáticas.

Dom Casmurro, de Machado de Assis

Considero Dom Casmurro a obra-prima de nossa literatura. Li-o na adolescência e, depois, algumas outras vezes e sempre sou impactada e incomodada pela hsitória que o livro conta e pelo modo como Machado a constrói.

A biografia de Machado de Assis, por si só, já daria um romance. Nascido no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro, em 1839, de família pobre e ascendência negra e escrava, ele tinha tudo para não ser quem foi. No entanto, é o maior escritor de nossa literatura e inspirou outros grandes escritores que vieram após ele.

O escritor Machado de Assis, autor de Dom Casmurro.
Machado de Assis, autor de Dom Casmurro.

Machado escreveu contos excelentes e tão pertubadores quanto seus romances, como o famoso conto A cartomante. E também romances importantes que correspondem à escola realista, como Memórias Póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba.

Dom Casmurro é o terceiro romance de sua fase chamada madura. Como em Memórias Póstumas, temos uma narrativa autobiográfica escrita por um representante da elite brasileira. Bento Santiago narra a história de sua vida, partindo de sua velhice e de um momento de distração em um trem que lhe garantiu, posteriormente, a alcunha de Dom Casmurro.

Depois de apresentar ao leitor os motivos de ter decidido escrever suas memórias, que seria aparentemente para passar o tempo, o narrador inicia a narrativa por uma tarde específica de sua vida, a tarde em que se descobriu apaixonado pela vizinha Capitu.

Capitu também o ama, ele logo descobre. O drama do menino Bentinho está no fato de que ele não pode gostar de Capitu, uma vez que está prometido para ser padre. Os dois começam aí a engendrar planos para livrar o menino do seminário.

Não conseguem. Mas é no seminário que Bentinho vai conhecer Ezequiel Escobar de quem se tornará grande amigo. E é Escobar que encontrará uma saída para o dilema de Bentinho: mudar um pouquinho a promessa proposta pela mãe de Bento, colocando em seu lugar um menino órfão que lhe fará as vezes.

Bentinho e Capitu, então, se casam. Escobar também se casa com Sancha, melhor amiga de Capitu. Logo, Sancha fica grávida, mas Capitu, não. Um dia, Bentinho volta mais cedo da rua e encontra Escobar em sua casa. Ele estranha a situação e Capitu dá uma desculpa. Pouco tempo depois, Capitu engravida e tem um menino a que dão o nome de Ezequiel, em homenagem a Escobar.

Então, um fato terrível abalará a todos. Escobar, que costumava nadar no mar todas as manhãs, morre afogado. No momento do enterro do amigo, a comoção é geral. Bentinho se prepara para fazer o discurso em homenagem a Escobar. Então, ele olha para Capitu. Ela está ao lado de Sancha, consolando-a.

E, naquele momento, Bentinho vê os olhos de Capitu pousarem sobre o morto. Ele diz que a mulher olhava para o seu melhor amigo com “olhos de ressaca”. Essa era a forma que Capitu olhava para ele, Bentinho. E é aí que ele conclui que os dois o traíram.

A partir de então, uma série de acontecimentos se dão em consequência desse julgamento. E isso culminará no afastamento de Capitu e Ezequiel.

Romande Dom Casmurro, um dos livros inesquecíveis da literatura brasileira.
Dom Casmurro, romance de Machado de Assis

Há muitas razões para se considerar Dom Casmurro uma obra inesquecível da literatura brasileira. A observação precisa da sociedade carioca de fins do século XIX, a reflexão sobre as nuances do comportamento humano, o encontro que temos com nós mesmos em muitos momentos da leitura.

Dom Casmurro é uma obra para ser lida mais de uma vez e em momentos diferentes da vida. E todas as vezes que se volta a esse livro, novos insights acontecem. É sempre um prazer e é sempre inesquecível.

Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa

Ler Grande sertão: veredas é transformador de fato. Não é uma leitura fácil, como nenhuma das leituras das obras de Guimarães Rosa. Mas é muito recompensador. Uma leitura que nos ensina sobre o sertão fora e dentro de nós.

Guimarães Rosa nasceu em 1908, no interior de Minas Gerais. Era médico e por muitos anos viajou pelo sertão mineiro atendendo seus pacientes de casa em casa. Carregava consigo nessas viagens caderninhos em que anotava o linguajar e os costumes dos lugares por que passava. Rosa falava várias línguas e foi diplomata, exercendo a função fora do Brasil por alguns anos.

Guimarães Rosa, autor de Grande sertão: veredas, uma das obras inesquecíveis de nossa literatura.
João Guimarães Rosa, autor de Grande sertão: veredas.

A convivência com o povo do sertão e o conhecimento das línguas estrangeiras passaram para os seus livros, carregados de estrangeirismos e neologismos. A escrita poética de Guimarães Rosa leva o leitor para um sertão, ao mesmo tempo, real e mágico. E uma das obras inesquecíveis do autor e de nossa literatura é Grande sertão, veredas.

Nessa obra, temos a história de Riobaldo contada por ele mesmo. É um grande monólogo, ainda que haja um interlocutor frequentemente mencionado pelo narrador. O relato é marcado pela oralidade, uma vez que Riobaldo conta sua história em uma conversa com o doutor, a pessoa que o visita e seu interlocutor.

No momento em que conta sua história, ele é um velho e rico fazendeiro. Mas, na juventude, onde a história começa, ele foi professor. E foi nessa época que, curioso com a existência ou não do diabo, fez um pacto com ele. Embora nunca tenha visto o diabo e nem tenha a certeza de que o pacto foi mesmo realizado.

Riobaldo torna-se também membro de um grupo temido de jagunços, homens que faziam a própria lei no sertão. Ali, ele conhece Diadorim e os dois tornam-se amigos. Essa amizade mudará para sempre a vida do narrador. Em dado momento, Riobaldo se dará conta de que tem amor pelo amigo e é correspondido. Mas um amor entre homens no meio dos jagunços seria intolerável. O amor é, então, platônico e assim se manterá por todo o tempo em que Riobaldo conviver com Diadorim. Mas ele jamais o esquecerá.

Além do amor, outro fio narrativo que perpassa o enredo é a vingança. Riobaldo e seu bando perseguem o Hermógenes, assassino de um antigo líder dos jagunços descrito como o próprio diabo. O acerto de contas com Hermógenes é aguardado e desejado por todos do grupo, mas só um conseguirá o feito em um duelo fatal.

A terceira fase da vida de Riobaldo é justamente a que acontece no momento em que conta a sua história para o doutor, quando já é um rico fazendeiro casado com uma boa mulher chamada Otacília. E sua grande preocupação é quanto à existência do diabo. Afinal, Riobaldo já está velho, já está bem mais próximo da morte do que estava quando foi à encruzilhada esperar pelo demo. E, talvez, esteja chegando a hora de pagar a dívida.

Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa.
Grande sertão: veredas, obra de Guimarães Rosa.

Outro ponto importante desse romance é o caráter filosófico e existencial da obra. Grande sertão é uma narrativa simbólica e poética que nos faz refletir sobre a nossa própria existência. Como o narrador mesmo diz, a vida é uma “travessia”, o próprio ser humano é travessia, considerando que está em constante mudança.

Ler Grande sertão: veredas é passar também por uma travessia, em que nos deparamos com uma linguagem própria da qual precisamos nos apropriar para entender a obra. Essa é a primeira travessia por que passamos ao ler o livro, a da linguagem. Depois, há a cultura do lugar, o elemento regionalista. E há ainda as questões humanas célebres, o amor, o ódio, a vida, a morte, o medo, a vingança, a religião.

Grande sertão: veredas é uma obra inesquecível da literatura brasileira por tudo isso e muito mais. Por tudo que não se traduz em palavras. É preciso ler para entender.

Vidas secas, de Graciliano Ramos

Vidas secas é outro de nossos romances memoráveis. Uma obra-prima de nossa literatura. Há nesse livro um encontro muito feliz entre forma e conteúdo. Além disso, ele traz uma personagem encantadora e muito marcante, a cachorra Baleia.

Graciliano Ramos nasceu no interior do Nordeste, no ano de 1892. Foi político, prefeito da cidade de Palmeira dos Índios, e jornalista. Escreveu diversas obras importantes, como os romances São Bernardo e Angústia. Mas sua obra mais importante é Vidas secas.

Graciliano Ramos, autor de Vidas secas, romance inesquecível da literatura brasileira.
Graciliano Ramos, autor de Vidas secas.

Esse romance narra uma história que é infelizmente muito atual, já que a realidade narrada continua presente na vida de muitos nordestinos como as personagens da obra.

O livro traz uma família de retirantes em luta pela sobrevivência em meio à seca do sertão nordestino. Fabiano, Sinha Vitória, os dois filhos, uma cachorra e um papagaio compõem essa família. No decorrer da trama, veremos os personagens enfrentando inúmeras dificuldades resultantes de seu próprio abandono e vulnerabilidade.

Há nessa obra alguns aspectos bastante interessantes, como a estrutura do livro e a linguagem empregada. O livro tem doze capítulos que funcionam como quadros independentes, permitindo que o leitor os leia começando de qualquer capítulo sem comprometer a compreensão da história. Além disso, a linguagem da obra é seca, combinando bem com o seu conteúdo. Graciliano usa poucos adjetivos e escreve frases curtas com orações coordenadas.

A cachorra Baleia é outro elemento importante desse livro. Na verdade, ela é o motivo da obra. Ocorre que Graciliano precisava de dinheiro e resolveu escrever um conto inspirado em um acontecimento de sua infância. A morte de um animal do qual ele e as outras crianças da fazenda de um tio gostavam muito. Acometido de uma doença muito grave, o animal precisou ser sacrificado.

O escritor, então, lembrando desse episódio, criou um conto que tinha como protagonista uma cachorra chamada Baleia. A trama se assemelha bastante ao que ocorre em sua infância. Baleia é uma cachorrinha esperta e muito amada pela família. Mas também fica gravemente doente e Fabiano precisa matá-la.

O conto fez grande sucesso e o autor conseguiu pagar várias diárias da pensão onde morava. Decidiu, então, escrever um livro em que a história da morte de Baleia é contada no nono capítulo da obra.

Vidas secas, obra de Graciliano Ramos.
Vidas secas, obra de Graciliano Ramos.

Vidas secas é um livro do qual não se esquece. Até mesmo porque volta e meia o drama do sertanejo imerso na seca do interior do Nordeste é pauta dos jornais e outros meios de comunicação. E o drama vivido pelas personagens de Graciliano Ramos vem à nossa mente.

A hora da estrela, de Clarice Lispector

Outro livro inesquecível de nossa literatura, com toda a certeza é A hora da estrela. Esse é último livro escrito por Clarice Lispector e publicado na iminência de sua morte, em 1977.

Clarice Lispector nasceu na Ucrânia, em 1920. Mas ainda bem pequena veio com os pais para o Brasil. Foi morar no Recife, onde passou toda a sua infância. Aos 17 anos, publicou seu primeiro livro Perto do coração selvagem. É uma escritora admirável. Suas obras nos encantam pela capacidade de desvendar a nós mesmos nossa própria alma.

Clarice Lispector, autora de A hora da estrela, obra inesquecível de nossa literatura.
Clarice Lispector, autora de A hora da estrela.

Uma das características marcantes da obra de Clarice é o mergulho na psique humana, o intimismo. Suas personagens vivem acontecimentos banais do cotidiano, mas são despertadas para questóes interiores, descobertas sobre si mesmas que mudam o modo como vêem a vida. É a famosa epifania das obras clariceanas.

Clarice escreveu contos, crônicas, romances. Dizia que, quando não escrevia, era como se estivese morta. E, talvez por isso, tenha escrito tantas obras, em vários gêneros.

A hora da estrela tem como protagonista uma nordestina chamada Macabéa. Ela é uma retirante como as personagens de Vidas secas. Mas Macabéa consegue sair do sertão. Após a morte de seus pais e de crescer sendo maltratada por uma tia, ela se muda para o Rio de Janeiro.

No entanto, a vida de escassez de Macabéa continua. Falta-lhe tudo e essa falta chega a tal ponto que ela nem se dá conta disso. Macabéa é franzina, tem a saúde fraca, se alimenta mal e pouco compreende do mundo à sua volta.

Há ainda outras duas narrativas que se entrelaçam à história de Macabéa: a do narrador Rodrigo S.M. e a da própria narrativa. Rodrigo é um escritor em crise, pois passa por dificuldades para escrever. Até que passa por uma nordestina na rua e sente a sua dor. É aí que começa a contar a história de Macabéa. E, ao mesmo tempo que faz isso, vai explicando e refletindo sobre a escrita e o processo de elaboração da narrativa.

Macabéa trabalha como datilógrafa e divide um apartamento com outras moças. Aos domingos, vai ao cinema e come cachorro-quente com coca-cola. Sente dor de estômago constantemente. Num desses passeios, conhece Olímpico de Jesus, também nordestino. Macabéa tem dificuldades para se comunicar e para entender quase tudo. Olímpico se aproxima dela por ser da mesma origem que ele, mas não consegue compreender o que ela fala.

Esse é um livro magistral, a despedida de Clarice Lispector. Diferentemente das obras introspectivas anteriores, A hora da estrela se volta para a crítica social ao construir o perfil de uma nordestina frágil e doente, sem nenhuma perspectiva e sem possibilidade de sair de sua condição de escassez e falta.

A hora da estrela, romance inesquecível da literatura brasileira.
A hora da estrela, último romance de Clarice Lispector.

Além disso, o livro é uma declaração de amor à escrita à moda Clarice. Através do narrador Rodrigo S. M., que pode ser entendido como um alterego da própria Clarice, ela vai desnudando sua escrita, expondo o papel do escritor, refletindo sobre a composição narrativa.

Vimos aqui cinco livros inesquecíveis da literatura brasileira e um pouco do porquê de considerá-los assim. Há muito mais a se falar sobre eles, com certeza. E há muito da história de cada um deles que não foi contado nesse artigo.

Para saber mais sobre eles, é preciso adentrar suas páginas com calma e alma. E, certamente, não há jeito melhor.

Leia também: Cinco clássicos da nossa literatura que você precisa ler.

1 comentário em “Cinco livros inesquecíveis da literatura brasileira – #1”

  1. Vidas Secas foi um dos primeiros livros que li, quando tive acesso à leitura, em uma biblioteca simples da escola. Jamais poderei esquecer das imagens que ficaram em minha mente, como a simplicidade de Sinhá Vitória, o silêncio de Fabiano, os meninos inocentes diante de toda a dificuldade e a cachorra Baleia. Um clássico.

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