A literatura brasileira contemporãnea está cheia de autores interessantes e com histórias de vida bem legais.
Esses autores ganharam o coração dos leitores com suas histórias, mas o que pouca gente sabe é que eles têm também manias, trajetórias inusitadas e passagens curiosas.
Neste post, reunimos dez curiosidades sobre autores da literatura contemporânea brasileira que ajudam a revelar um pouco mais das personalidades por trás das obras.
Prepare-se para descobrir que a vida dos escritores pode ser tão instigante quanto os livros que eles escrevem.
1. Chico Buarque já venceu o Prêmio Camões mesmo sem ser um escritor prolífico
Conhecido mundialmente por suas canções, Chico Buarque também é autor de romances premiados, como Budapeste e Leite Derramado.
Em 2019, foi consagrado com o Prêmio Camões, o mais importante da literatura em língua portuguesa. Curiosamente, Chico tem poucos livros publicados — apenas seis romances — mas cada um deles é marcado por um lirismo sofisticado e um domínio técnico que impressiona.
2. Itamar Vieira Junior escreveu Torto Arado depois de anos de pesquisa no sertão da Bahia
O sucesso de Torto Arado não foi por acaso. Itamar Vieira Junior, geógrafo e doutor em estudos étnicos e africanos, passou anos pesquisando comunidades quilombolas no sertão da Bahia.
A experiência virou literatura com profundidade e realismo impressionantes. A curiosidade? Ele já tinha desistido de publicar o livro — até que venceu o Prêmio Leya, em Portugal.
3. Jarid Arraes é cordelista antes de ser romancista
A escritora cearense Jarid Arraes ganhou destaque nacional com o livro Redemoinho em dia quente, mas sua trajetória começou no cordel — gênero que herdou do pai e do avô.
Ela já escreveu mais de 70 cordéis, muitos deles com foco em figuras femininas da história brasileira. A oralidade, a força da cultura nordestina e o engajamento político são marcas de sua obra.

4. Conceição Evaristo publicou seu primeiro romance aos 57 anos
Uma das vozes mais potentes da literatura brasileira atual, Conceição Evaristo estreou na ficção tarde: aos 57 anos, com Ponciá Vicêncio.
Antes disso, era professora, mãe solo e escrevia nas horas vagas. Hoje, é referência nacional em literatura negra e de resistência. Ela criou o termo “escrevivência”, que une vida e escrita como forma de memória coletiva.
5. Geovani Martins escrevia seus contos no celular
Autor de O sol na cabeça, livro de contos que retrata o cotidiano das periferias cariocas com uma linguagem pulsante e original, Geovani Martins começou a escrever seus textos usando o celular, em blocos de notas.
Sem computador e sem acesso fácil a editoras, foi descoberto em uma oficina literária e, desde então, ganhou o mundo com sua escrita afiada.

Você também pode gostar de ler:
Este artigo sobre o poder da literatura de transformar a nossa forma de ver o mundo.
6. Socorro Acioli foi aluna de Gabriel García Márquez
Você sabia que a escritora cearense Socorro Acioli foi uma das poucas brasileiras selecionadas para participar do curso de roteiro ministrado por Gabriel García Márquez, em Cuba?
A experiência marcou sua escrita e influenciou obras como A cabeça do santo, uma fábula moderna e sensível sobre fé, abandono e pertencimento.
7. Marcelo Rubens Paiva escreveu seu primeiro livro com uma máquina adaptada
Feliz Ano Velho, romance autobiográfico que se tornou um clássico dos anos 80, foi escrito por Marcelo Rubens Paiva com o auxílio de uma máquina de escrever adaptada, após o acidente que o deixou tetraplégico.
O livro é, ao mesmo tempo, confessional e político — e se mantém atual, tocando gerações até hoje.
8. Mário Rodrigues venceu o Prêmio Sesc com um romance inspirado na própria infância
Em Receita para se fazer um monstro, Mário Rodrigues transforma sua vivência em uma narrativa ficcional que mistura dureza e sensibilidade.
O livro venceu o Prêmio Sesc de Literatura e chamou atenção por retratar a infância na periferia com crueza e lirismo. A curiosidade? Ele diz que escreve de madrugada, ouvindo música clássica e tomando café forte.

9. Ana Paula Maia é comparada a Rubem Fonseca e Cormac McCarthy
Com uma escrita seca, violenta e de ritmo intenso, Ana Paula Maia tem se destacado como uma das autoras mais originais da ficção brasileira.
Seus personagens vivem à margem da sociedade — lixeiros, matadores, agentes funerários. Já foi chamada de “a voz dos invisíveis” e sua obra tem sido comparada à de Rubem Fonseca e até ao estilo sombrio de Cormac McCarthy.
10. Daniel Galera já publicou sob pseudônimo em blog literário
Antes de ganhar notoriedade com livros como Barba Ensopada de Sangue e Mãos de Cavalo, Daniel Galera escrevia contos e textos em blogs nos anos 2000, sob pseudônimos.
Ele foi um dos fundadores da editora Livros do Mal, que revelou vários autores da nova literatura brasileira. A influência da internet e da cultura pop é clara em sua obra, que dialoga com leitores jovens sem perder densidade literária.
Para concluir…
A literatura brasileira contemporânea vai muito além das estantes. Ela está nas ruas, nas redes, nas vozes diversas que a compõem. E por trás de cada livro, há uma vida cheia de detalhes, escolhas e histórias surpreendentes.
Essas curiosidades são um convite a conhecer não apenas as obras, mas também os autores e autoras que têm feito da palavra escrita um espaço de reinvenção, denúncia, beleza e resistência.
E, claro, uma ótima forma de renovar sua lista de leitura — agora com um olhar mais íntimo sobre quem escreve.
Samira Mór é formada em Letras pela UFJF e Mestra em Literatura pela mesma instituição. É também professora das redes pública e privada há mais de trinta anos. Apaixonada por palavras e livros desde sempre, seu objetivo é partilhar com as pessoas o amor pela leitura e pelos livros.
