Lygia Fagundes Telles nasceu em 19 de abril de 1923. Lygia é uma renomada escritora brasileira e suas obras são de grande importância para nossa literatura.
Com uma trajetória literária que abrange mais de seis décadas, sua contribuição para a cultura brasileira é inegável.
Vida e Contexto
Lygia Fagundes Telles nasceu em 19 de abril de 1923, em São Paulo. Mas morou a maior parte da juventude em cidades do interior paulista.
Cresceu em uma família de intelectuais, absorvendo influências literárias de grande valor desde cedo.
Aos vinte anos, publicou seu primeiro livro, Porão e sobrado, coletânea de doze contos. A obra é dividida em duas partes, sendo a primeira sobre os moradores dos porões da cidade de São Paulo e a segunda, sobre os moradores dos sobrados.
Lygia formou-se em Direito pela Universidade de São Paulo, enfrentando com coragem o machismo da época que julgava que o Direito não era carreira para mulheres.
Na Universidade, conheceu Hilda Hilst, também escritora, de quem foi amiga por toda a vida.
Lygia escreveu livros de contos e romances pelos quais recebeu prêmios importantes, como o Prêmio Jabuti, o maior prêmio literário do Brasil. Ciranda de pedra e As meninas são dois de seus romances mais conhecidos.
Foi Procuradora do Instituto de Previdência do Estado de São Paulo e presidente da Cinemateca Brasileira.
Em 1982, foi eleita para a Academia Paulista de Letras e, em 1985, passou a ocupar a cadeira nº 16 na Academia Brasileira de Letras.
Características da Obra de Lygia Fagundes Telles
A obra de Telles é marcada por uma prosa refinada, profunda exploração psicológica e uma habilidade única em abordar temas universais com uma perspectiva brasileira.
Suas narrativas frequentemente desafiam convenções, mergulhando nas complexidades da condição humana.
As Meninas (1973)
“Quero te dizer também que nós, as criaturas humanas, vivemos muito (ou deixamos de viver) em função das imaginações geradas pelo nosso medo. Imaginamos consequências, censuras, sofrimentos que talvez não venham nunca e assim fugimos ao que é mais vital, mais profundo, mais vivo. A verdade, meu querido, é que a vida, o mundo dobra-se sempre às nossas decisões”.
O romance aclamado de Lygia Fagundes Telles, As meninas, é uma obra-prima da literatura brasileira contemporânea.
O enredo gira em torno de três jovens mulheres que dividem um quarto em um pensionato na cidade de São Paulo, no início da década de 1970. Telles explora questões de identidade, política e relações interpessoais com maestria.
A narrativa é marcada pela polifonia, uma vez que o foco da narrativa se alterna entre as três protagonistas, Lorena, Ana Clara e Lia.
A trajetória das três moças passa pelas transformações em direção à vida adulta de cada uma delas em um cenário político de grande tensão, já que o Brasil passava pelos anos mais duros da ditadura militar.
Assim, esse é um romance de formação, mas também é um romance histórico.
A linguagem de As meninas traz muitas marcas de oralidade e diálogos intensos, o que torna esse romance uma obra bastante requisitada nos vestibulares e concursos de ingresso às universidades.
“Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível.”
Ciranda de Pedra (1954)
“Ouça, Virgínia, é preciso amar o inútil. Criar pombos sem pensar em comê-los, plantar roseiras sem pensar em colher de rosas, escrever sem pensar em publicar, fazer coisas assim, sem esperar nada em troca. A distância mais curta entre dois pontos pode ser a linha reta, mas é nos caminhos curvos que se encontram as melhores coisas”.
Outra peça fundamental na obra de Lygia Fagundes Telles, o romance Ciranda de Pedra transporta os leitores para uma trama intricada centrada na família Guerra. A autora explora temas como amor, traição e a efemeridade da juventude.
Esse é um romance que fala de dramas familiares. Virgínia, a protagonista, é inicialmente uma criança. E é sob os olhos da menina que a história é narrada.
Como ela é muito jovem, não entende muito bem a dinâmica familiar em que se insere. Filha de um casal de classe média divorciado, Virgínia mora com a mãe enquanto suas duas irmãs vivem com o pai.
No decorrer da trama, ela começa a compreender os problemas em torno de si, como a loucura da mãe e o distanciamento do pai.
A linguagem do romance é bastante fluida, informal, mas também carregada de muitas metáforas e simbologias.
Isso leva a uma série de reflexões sobre a família, a sociedade, as relações humanas (e desumanas), autodescobertas, crescimento pessoal, e também a própria escrita, a literatura.
“Talvez o tempo seja um pássaro, por isso não consigo agarrá-lo.”
As obras de Lygia Fagundes Telles nos oferecem a oportunidade de refletirmos profundamente sobre a condição humana. Suas palavras encantam e desafiam os leitores ao redor do mundo, consolidando seu lugar como uma das vozes mais distintas e importantes da literatura brasileira.